Foto: CNI
Segurança Energética

PETRÓLEO CONTINUARÁ IMPORTANTE PARA O FUTURO ENERGÉTICO GLOBAL

Em entrevista, especialista da CNI diz ser necessário desenvolver novas fronteiras de exploração de petróleo, mesmo no contexto de transição energética

Redação
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No cenário global de transição energética, os desafios e as oportunidades para o setor de combustíveis fósseis estão no centro das discussões. Para Rennaly Patricio Sousa, especialista em Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o desafio do Brasil, que já conta com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, é garantir o abastecimento de combustíveis e desenvolver novas fronteiras de exploração de petróleo.

Segundo a especialista, graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e mestre em Economia Rural com ênfase em Políticas Públicas e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Ceará (UFC), caso novas fronteiras não sejam exploradas, o país passará a ser importador de petróleo e derivados para suprir a demanda nacional.

Rennaly também atuou como pesquisadora na Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Desenvolveu pesquisas nas áreas de Economia Regional, Economia Industrial, Inovação e Processos Industriais, Logística, Análise de Políticas Públicas e Regulação dos setores de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Em entrevista ao Valor da Energia, ela afirmou ainda que a produção de petróleo continuará a ter um importante papel no sistema energético mundial.

"Nesse cenário, o principal desafio do Brasil é garantir a oferta de petróleo para repor as reservas consumidas, além de assegurar a segurança do abastecimento."

Rennaly Patricio Sousa

Especialista em Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

Como você vê a questão dos combustíveis fósseis durante a transição energética e também no longo prazo? Quais são as perspectivas?

Rennaly Sousa – No contexto da transição energética, onde se busca uma maior eficiência e o aumento da participação de fontes renováveis, se discute a atividade petrolífera e o nível da queda da demanda mundial de petróleo. Contudo, a produção de petróleo continuará a ter um papel importante no sistema energético mundial.

A Agência Internacional de Energia elaborou projeções em diferentes cenários, em um horizonte até 2050. Os resultados indicam que a exploração e a produção de petróleo continuarão a ter um papel crucial no sistema energético global nas próximas décadas, independentemente do panorama de transição energética. A conclusão é que, mesmo em um cenário de emissões líquidas zero até 2050, haverá demanda por petróleo e gás.

Quais os principais desafios enfrentados pelo país no cenário de transição energética e como deve superá-los?

Rennaly Sousa – O Brasil é o país da energia renovável e tem vantagens comparativas únicas. Temos uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, equivalente a 44% da energia gerada, diante de uma média mundial de apenas 14%. No caso da matriz de energia elétrica, o Brasil apresenta uma fração renovável de 85%, diante da média de 25% no restante do mundo.

Apesar desse cenário favorável, observa-se uma tendência crescente na demanda de derivados de petróleo, mesmo com o conjunto de políticas de biocombustíveis nacional em discussão. Essa tendência foi confirmada pelas projeções realizadas pela Empresa de Pesquisa Energética brasileira. Ou seja, mesmo no contexto de transição energética, o consumo interno de derivados continuará a existir. Nesse cenário, o principal desafio do Brasil é garantir a oferta de petróleo para repor as reservas consumidas, além de assegurar a segurança do abastecimento. Para superá-lo, é necessário desenvolver novas fronteiras de exploração, ou o país passará a ser importador de óleo e derivados para suprir a demanda nacional.

Como avalia as perspectivas de aumento de produção de combustíveis fósseis no país e quais os entraves precisam ser superados?

Rennaly Sousa – O Brasil se posiciona, atualmente, entre os maiores produtores de petróleo do mundo, com uma produção recorde de 4,3 milhões de barris de óleo equivalente por dia em 2023. Entretanto, o país deve atingir um pico de produção de petróleo em 2029, quando iniciaria a trajetória de queda. Para evitar esse declínio, é necessário renovar as reservas petrolíferas e agregar novos recursos além do pré-sal. É preciso reconhecer que o potencial de petróleo nacional é muito maior do que aquele associado aos campos já descobertos e criar condições para a retomada dos investimentos na exploração petrolífera.

O petróleo produzido no Brasil tem uma importante vantagem, que é o seu baixo nível de emissões de carbono. A taxa de CO2 do óleo combustível produzido no Brasil é inferior à média global. Então, é possível conciliar a competitividade da produção petrolífera com a sustentabilidade ambiental. Estes elementos deverão ser levados em conta no processo decisório para validar a exploração de petróleo nacional, destacando as nossas potencialidades e avaliando o impacto econômico que o aproveitamento dos recursos em novas fronteiras de exploração poderia gerar para o Brasil.

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