COALIZÕES FORTALECEM ESTRATÉGIAS DE DEFESA DE CAUSAS
Para Leandro Machado, da empresa CAUSE, essa é uma frente que vem sendo explorada por empresas e instituições para impulsionar suas causas
A formação de coalizões entre empresas e instituições na defesa de causas comuns vem fortalecendo e ampliando as possibilidades de sucesso em pleitos junto ao Poder Público, seja na formulação de leis ou de demais normas que resultam em políticas públicas. Nesse caminho, têm atuado empresas como a de Leandro Machado, cofundador da CAUSE, uma consultoria especializada em construir estratégias de engajamento de stakeholders.
Uma coalizão ocorre quando atores relevantes da sociedade (empresas, governos, organizações da sociedade civil e associações de classe, por exemplo), se reúnem em um processo de identificação, gestão e mobilização das causas. Nesse caminho, são construídas estratégias de engajamento e comunicação, com marcas e empresas identificando as causas que conectam seu propósito às demandas da sociedade. Por último, avalia-se como, junto a autoridades, melhorar políticas públicas que beneficiem o coletivo e atendam às causas específicas.
"Formação de coalizões também contribui para economia de recursos financeiros e humanos"
Leandro Machado
Cofundador da CAUSEAo longo de sua carreira, Machado desenvolveu ações e programas de mobilização para empresas e instituições de diversos setores, como alimentos e bebidas, cosméticos, agronegócio, combustíveis e infraestrutura. Para ele, as coalizões também trazem vantagens em relação à economia de recursos humanos e financeiros pela atuação coletiva, já que os custos são divididos entre os participantes.
“Mas esse movimento, tanto de formar quanto de integrar coalizões já existentes, é válido até mesmo para atores que têm recursos abundantes”, comenta Machado.
No setor energético, essa prática também tem ganhado espaço. O Instituto Pensar Energia, por exemplo, é uma entidade que busca unir esforços de empresas, governo e sociedade civil em prol de uma transição energética segura e sustentável. Sob a liderança de Marcos Cintra, o instituto tem se destacado como uma plataforma de diálogo e cooperação entre diferentes segmentos do setor energético. Segundo Cintra, “a colaboração entre o setor privado e público é crucial para que possamos enfrentar os desafios da transição energética com soluções que tragam segurança e sustentabilidade a longo prazo.”
Além do trabalho contínuo em promover o debate sobre políticas energéticas, o Instituto teve papel fundamental na defesa do setor energético durante o processo de tramitação da Reforma Tributária no Congresso. Uma das conquistas foi a redução da alíquota do Imposto Seletivo, de 1% para 0,25% para os segmentos de petróleo e gás. “Nossa atuação foi decisiva para garantir que o setor não fosse sobrecarregado por uma carga tributária desproporcional, que poderia comprometer a competitividade e a sustentabilidade dos projetos em andamento”, explica Cintra.
“Nossa atuação foi decisiva para garantir que o setor não fosse sobrecarregado por uma carga tributária desproporcional”
Marcos Cintra
Presidente do Instituto Pensar EnergiaRecentemente, o Instituto Pensar Energia lançou uma série de campanhas e eventos focados em promover um debate qualificado sobre as políticas energéticas do Brasil. Essas ações buscam sensibilizar o público e os tomadores de decisão para a importância de uma abordagem equilibrada entre o uso de fontes renováveis e a confiabilidade das energias firmes, como gás natural e petróleo. “Nosso papel é assegurar que o setor energético continue sendo um pilar de estabilidade para o país, sem deixar de lado a responsabilidade ambiental”, ressalta Cintra.
Outro caso de sucesso do setor energético é a campanha intitulada “Energia da Evolução”, do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), iniciada neste mês com o objetivo de levar ao conhecimento do público o conceito de “evolução energética”, destacando como a indústria de petróleo e gás será uma importante aliada para uma transição energética justa e segura.
“As organizações precisam demonstrar toda sua abertura para o diálogo constante com a sociedade”
Raul Jungmann
Presidente do IbramDurante os próximos três meses, o IBP vai liderar ações em alguns dos principais veículos de comunicação do país e compartilhar conteúdos didáticos no Além da Superfície, portal que busca explicar a indústria de energia, petróleo e gás natural de forma acessível.
Outro ponto forte das coalizões, destaca Machado, da CAUSE, é a própria força que uma causa impacta no dia a dia das pessoas. Ele cita como exemplo bem-sucedido a chamada PEC das praias, que tinha o intuito de privatizar as praias brasileiras e que foi colocada em xeque a partir da mobilização de personalidades nos diferentes pólos da discussão.
Outro segmento que aposta em uma ação para melhorar sua imagem e engajar a população na sua causa é o mineral. Coordenada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a recente campanha tem o conceito “Minerais, presentes no que você imaginar”. O objetivo é fortalecer a conexão do setor mineral com diferentes públicos, demonstrando a presença desses recursos no dia a dia das pessoas.
A iniciativa abarca desde atuação de influenciadores digitais até veiculação de peças publicitárias na TV, no rádio, no digital e mídia exterior. “A estratégia adotada pelo Ibram demonstra seu entendimento de que, num mundo cada vez mais conectado, as organizações precisam demonstrar toda sua abertura para o diálogo constante com a sociedade”, explica o diretor-presidente do Instituto, Raul Jungmann.
Essas iniciativas demonstram o poder de mobilização que as coalizões têm tanto no setor energético quanto no mineral, servindo como ferramentas eficazes para alinhar os interesses das empresas com os anseios da sociedade.