Iluministas

CIOCCHI: MATRIZ DEVE TER SEGURANÇA, SUSTENTABILIDADE E ACESSIBILIDADE

Ex-presidente do ONS ressalta que a matriz elétrica brasileira se destaca no cenário mundial pela diversidade de fontes e pela alta participação de renováveis

Redação
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No primeiro episódio do videocast “Iluministas”, conduzido pelo jornalista Roberto Rockmann, o ex-presidente do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, foi entrevistado pelo ex-diretor da Aneel, Edvaldo Santana, e pela advogada especializada em energia, Juliana Melcop, que debateram os desafios de construir uma matriz elétrica brasileira mais flexível, sustentável e eficiente.

Ciocchi deu início à discussão destacando que a matriz elétrica ideal é um equilíbrio entre segurança energética, sustentabilidade ambiental e acessibilidade. “A matriz ideal é um processo. Essa busca vem sendo feita aqui no Brasil, da forma que a nossa geografia permitiu. Nascemos com as hidrelétricas e depois passamos a ter um parque termelétrico. A tecnologia chegou ao país, que tem essa possibilidade de vento e sol em abundância. Por isso, tivemos um crescimento da eólica e da solar nos últimos anos”, explicou ele, ressaltando que a matriz brasileira já se destaca no cenário mundial pela diversidade de fontes e pela alta participação de renováveis.

"Essa discussão estratégica vai muito além de falar de setor elétrico. Vai além, inclusive, do setor energético. É uma discussão de estratégia de país, de Estado, que a gente precisa ter. Não é uma discussão política, é uma discussão a longo prazo. Tem que pensar em 2050".

Luiz Carlos Ciocchi

Ex-presidente do ONS

Sobre o papel da resposta da demanda no sistema elétrico, Ciocci enfatizou como grandes consumidores poderiam ajudar a equilibrar o fornecimento. “Seria interessante oferecer incentivos para que reduzam o consumo de energia em determinados horários. Para uma empresa industrial, por exemplo, seria um bom negócio parar a produção das 17h às 19h e compensar essa parada operando das 19h às 21h, caso haja incentivos para isso. Essa mudança traria benefícios para a empresa, para o setor energético e para a sociedade brasileira,” disse.

Edvaldo Santana trouxe ao debate a importância do comportamento individual para a definição da matriz energética ideal. “Energia cara é aquela que eu não posso pagar. É isso que devemos dizer às pessoas: se você não pode pagar, tem que reduzir o consumo de energia. O consumidor não é passivo e devemos reiterar a ele, mesmo ao pequeno usuário, o seu papel ativo na construção da matriz energética”, explicou.

A questão sobre a intermitência das renováveis e a crescente complexidade de sua gestão no Sistema Interligado Nacional (SIN) também foi levantada durante a conversa entre os especialistas. “O SIN é uma grande máquina com milhões de componentes. Não há dois dias consecutivos em que a rede seja a mesma, porque a cada dia ocorrem novas situações. Essas mudanças podem ter pequenos e grandes impactos na administração do sistema e, para lidar com essa dinâmica, é preciso ter capacidade de gestão”, reforçou Ciocci, destacando a importância de fontes despacháveis, como térmicas flexíveis e hidrelétricas com reservatórios​.

"Energia cara é aquela que eu não posso pagar. É isso que devemos dizer às pessoas: se você não pode pagar, tem que reduzir o consumo de energia. O consumidor não é passivo e devemos reiterar a ele, mesmo ao pequeno usuário, o seu papel ativo na construção da matriz energética"

Edvaldo Santana

Ex-diretor da Aneel

O episódio reforçou a importância de um planejamento estratégico que una sustentabilidade e flexibilidade, destacando que o Brasil tem potencial para liderar a transição energética global se investir em inovação e governança. “O recurso escasso hoje não é energia, mas potência e flexibilidade”, complementou Santana.

Ciocchi apontou no debate sobre a necessidade de um planejamento estratégico de longo prazo para que o Brasil possa explorar todo o seu potencial energético. “Essa discussão estratégica vai muito além de falar de setor elétrico. Vai além, inclusive, do setor energético. É uma discussão de estratégia de país, de Estado, que a gente precisa ter. Não é uma discussão política, é uma discussão a longo prazo. Tem que pensar em 2050”, concluiu.

O videocast “Iluministas” é uma parceria VDE – Valor da Energia e do Instituto Pensar Energia. Reforça a importância de debates sobre energia no Brasil, unindo perspectivas que buscam transformar os desafios do setor em oportunidades para um sistema mais eficiente e sustentável.

Confira o episódio completo com Luiz Carlos Ciocchi:

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