BARROSO E STREET: MATRIZ ELÉTRICA IDEAL É DIVERSIFICADA E DINÂMICA
CEO da PSR e professor da PUC discutem a necessidade de preços eficientes e o papel de cada fonte na busca por um sistema elétrico mais robusto e sustentável
Em um debate sobre o futuro da energia no Brasil, o videocast “Iluministas” reuniu Luiz Augusto Barroso, CEO da PSR Consultoria, e Alexandre Street, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, para discutir os desafios da transição energética e a busca por uma matriz elétrica ideal. Conduzido por Juliana Melcop, advogada especialista em energia, o segundo episódio do programa contou também com a participação dos debatedores Roberto Rockmann, jornalista especializado em energia, e de Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel.
A conversa abordou a crescente participação de fontes renováveis intermitentes, como eólica e solar, e os impactos dessa mudança na operação da rede elétrica. Para Luiz Barroso, o Brasil ainda precisa de uma matriz diversificada e resiliente, que inclua termelétricas, hidrelétricas e renováveis: “A capacidade do Brasil operar um sistema 100% renovável, acho que não hidrelétrico, acho que ainda está bastante distante. E a capacidade do Brasil operar um sistema 100% eólico, mais solar e hidrelétrico, a gente poderia até pensar, mas é preciso considerar os riscos associados, principalmente aos efeitos adversos da mudança climática”.
Alexandre Street destacou a importância dos sinais de preço para direcionar os investimentos e garantir o uso eficiente dos recursos. “A matriz ideal vem ligada a um modelo e à regulação ideal para o uso daqueles recursos. Principalmente, a parte da dupla contabilização e do avanço do sistema de preços, porque é o principal driver de incentivo e o que direciona a nova matriz”, pontuou o professor, defendendo a criação de um mercado de preços em tempo real, que reflita a incerteza na geração de energia e incentive os agentes a buscar soluções para diminuir os riscos.
"A capacidade do Brasil operar um sistema 100% renovável, acho que ainda está bastante distante. E a capacidade do Brasil operar um sistema 100% eólico, mais solar e hidrelétrico, a gente poderia até pensar, mas é preciso considerar os riscos associados, principalmente aos efeitos adversos da mudança climática".
Luiz Barroso
CEO da PSR ConsultoriaEdvaldo Santana, por sua vez, enfatizou a necessidade de uma governança institucional mais forte para conduzir a transição energética: “A coisa tem que ser mais segura, então talvez tivessem um pouco mais de termelétrica ou não. Ou seja, a gente acaba fugindo de algo que pode chamar de ‘olha, não é o ideal nem o indesejável, mas é o mais razoável’ porque a gente não consegue fazer da maneira mais correta.” Ele criticou a falta de clareza nas políticas públicas e a tendência a criar soluções pontuais e ineficazes para problemas complexos.
O debate também abordou a necessidade de se rever o modelo de subsídios para as fontes renováveis. Barroso defendeu o tratamento isonômico entre as tecnologias, com a participação de todas nos riscos e oportunidades do mercado. Street, por sua vez, alertou para o risco de distorções no sistema de preços: “Você primeiro tem que começar a limpar os subsídios para que aí o mercado possa atuar”.
A complexidade da operação do sistema elétrico, com a integração de diferentes fontes de energia e a crescente participação da Geração Distribuída (GD), foi outro ponto central da discussão. Os especialistas destacaram os desafios de garantir a confiabilidade e a segurança do sistema, ao mesmo tempo em que se busca a otimização dos recursos e a redução de custos.
"A matriz ideal vem ligada a um modelo e à regulação ideal para o uso daqueles recursos. Principalmente, a parte da dupla contabilização e do avanço do sistema de preços, porque é o principal driver de incentivo e o que direciona a nova matriz
Alexandre Street
Professor de Engenharia Elétrica da PUC-RioA conclusão do debate foi que a matriz elétrica ideal não é um objetivo estático, mas um processo dinâmico que precisa se adaptar às mudanças tecnológicas, econômicas e sociais. A busca por soluções inovadoras, como a precificação da flexibilidade e a criação de mercados de capacidade, é fundamental para garantir a sustentabilidade do setor elétrico no longo prazo.
O videocast “Iluministas” é uma parceria VDE – Valor da Energia e do Instituto Pensar Energia. Reforça a importância de debates sobre energia no Brasil, unindo perspectivas que buscam transformar os desafios do setor em oportunidades para um sistema mais eficiente e sustentável.
Confira o episódio completo com Alexandre Street e Luiz Barroso: