Imagem panorâmica do DAC.SI, projeto de descarbonização da PUCRS
Foto: PUCRS/Divulgação
Segurança Energética

PROJETOS DE DESCARBONIZAÇÃO REFORÇAM SEGURANÇA ENERGÉTICA

Avanço de novas tecnologias que compensam emissões de gases de efeito estufa contribuem para o desenvolvimento social e econômico

REDAÇÃO
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A expansão da geração de energia a partir de renováveis é um fato positivo para o reforço da segurança energética do país. Especialistas alertam, contudo, que elas não devem substituir integralmente fontes fósseis, como petróleo, gás e carvão, que continuarão a compor a matriz energética global nas próximas décadas. E uma das saídas para reduzir as emissões de carbono está na aposta em tecnologia.

Projetos que investem na pesquisa e desenvolvimento da chamada descarbonização estão na pauta do setor, com grandes parcerias sendo estabelecidas entre empresas e universidades. Exemplo disso é a iniciativa do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) com a Repsol Sinopec Brasil, que opera testes de um equipamento voltado a captura de carbono no ar por meio de ventiladores equipados com membranas que separam o CO₂ e o armazena em rochas reservatórios.

Pesquisadores do projeto DAC.SI
Equipe da PUCRS envolvida no projeto DAC.SI
Foto: Matheus Gomes/PUCRS

Batizado de DAC (Direct Air Capture), o sistema tem potencial para fazer a captura de até 300 toneladas de dióxido de carbono por ano – quantidade que tem potencial escalonável e é o desafio que move os pesquisadores. O primeiro reator do projeto, batizado de DAC.SI, foi ligado em 2022 e teve sua capacidade máxima iniciada em julho, no campus da PUCRS.

Segundo o professor Felipe Dalla Vecchia, diretor do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais da PUCRS, a descarbonização permite que as fontes fósseis sejam utilizadas de maneira mais limpa e eficiente, garantindo um fornecimento energético estável e confiável.

Professor Felipe Dalla Vecchia, da PUCRS

“Não podemos migrar instantaneamente de uma matriz energética para outra. Por isso, é necessário investir em tecnologias que possam compensar as emissões de carbono durante a transição”, explica.

Felipe Dalla Vecchia

Diretor do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais da PUCRS

Descarbonização, transição energética e inclusão

Na visão de Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carbono Sustentável (ABCS), a transição energética justa deve ter o foco nas pessoas, olhando o meio ambiente, o emprego e  a renda. Segundo ele, estão sendo estudadas centenas de tecnologias para reinventar o setor de energia, inclusive com o que chama de “emissões negativas”, em que se captura mais dióxido de carbono do que se emite.

“Por isso é importante salientar que não devemos combater as fontes fósseis, mas, sim, apoiar o desenvolvimento de tecnologia de manejo de carbono”, aponta.

O presidente da ABCS esteve recentemente em um evento de manejo de carbono promovido pelo departamento de energia dos Estados Unidos, e conta que, por lá, estão em andamento cerca de 150 projetos de diversas tecnologias de captura de carbono (CCUs) para a indústria, o setor de energia e o foco em captura negativa.

De acordo com Zancan, a ABCS entende que a transição energética justa tem dois pilares com  foco nas pessoas. “O primeiro é manter a indústria do carvão mineral via transformação tecnológica e ecológica visando neutralidade de carbono. O segundo pilar é a busca de novas atividades econômicas para as regiões mineiras”, afirma.

Nesse sentido, a associação apoia o Projeto Vivera, que visa construir um distrito de inovação de baixo carbono em Criciúma (SC).

Investimentos em P&D

A Repsol Sinopec também vem investindo em pesquisa e desenvolvimento de projetos de descarbonização. Em julho, a empresa lançou um Tech Challenge, desafio voltado a startups, estudantes, instituições de pesquisa e universidades para o desenvolvimento de materiais de última geração voltados à absorção de CO₂. As melhores soluções serão levadas a teste no equipamento instalado na PUCRS. As inscrições vão até 22 de agosto.

“A iniciativa representa um marco inédito no caminho que a Repsol Sinopec está trilhando para ampliar a conexão com o ecossistema de inovação aberta. Isto nos permite unir a nossa expertise à de outros agentes em escala global, garantindo a excelência tecnológica capaz de viabilizar a implantação desta tecnologia em grande escala”, destaca o gerente de P&D da empresa, José Javier Salinero.

A Repsol tem outro projeto semelhante em Salvador (BA), em parceria com o Senai Cimatec, batizado de Projeto DAC 5000.

Entenda a descarbonização

O conceito de descarbonização envolve a redução das emissões de CO₂ por meio da adoção de tecnologias mais limpas e eficientes. Para alguns setores da economia, como o de petróleo e gás, significa investir em métodos que diminuam a pegada de carbono associada à extração, refino e distribuição de combustíveis fósseis.

Tecnologias como a captura e armazenamento de carbono e a utilização de energias renováveis em operações de produção são exemplos de como a indústria pode se adaptar às novas exigências ambientais sem comprometer sua importância e relevância.

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