Iluministas

MARANGON E MAURER: MATRIZ IDEAL É RESILIENTE E SUSTENTÁVEL

Consultores do setor elétrico apoiam o olhar estratégico para a demanda e para a oferta, pensando em soluções híbridas que aproveitem o melhor de cada tecnologia

Redação
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No quinto episódio do videocast “Iluministas”, os desafios da matriz elétrica brasileira foram amplamente debatidos. Sob a condução de Juliana Melcop, advogada especializada em energia elétrica, e do jornalista Roberto Rockmann, o professor Edvaldo Santana e os consultores José Marangon e Luiz Maurer enfatizaram o protagonismo do Brasil em fontes renováveis. “Diferente dos países europeus, nós estamos lá na frente”, destacou Marangon, apontando o papel histórico das hidrelétricas e a expansão das energias solar, eólica e biomassa.

Maurer, que atuou por mais de 10 anos como consultor em energia do Banco Mundial, alertou sobre as limitações das baterias em atender às demandas contínuas de energia. “As baterias não conseguem compensar a sazonalidade das renováveis, apenas firmam o intraday. Não vivemos no deserto do Saara.” Ele enfatizou a necessidade de soluções híbridas que integrem baterias, térmicas e outras fontes para garantir estabilidade energética.

Edvaldo Santana, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reforçou a importância do planejamento integrado para lidar com os desequilíbrios de oferta e demanda no Brasil. ” Entre 9h e 15h, há energia em excesso, mesmo agora na escassez. Mas, das 16h às 19h, não é bem assim. É natural que se precise de um reforço na hora da ponta, mas que não falte energia durante o dia.

"Entre 9h e 15h, há energia em excesso, mesmo agora na escassez. Mas, das 16h às 19h, não é bem assim. É natural que se precise de um reforço na hora da ponta, mas que não falte energia durante o dia".

Edvaldo Santana

Ex-diretor da Aneel

As hidrelétricas respondem mais rapidamente, mas não haverá para sempre água. Precisamos de outras fontes, e as que respondem mais rápido são as baterias, mas as termelétricas também. Então, dificilmente abriremos mão das termelétricas por um bom tempo”, argumentou, apontando os desafios de um sistema cada vez mais descentralizado.  

Outro tema debatido foi a governança e o modelo de negócios no setor. Maurer destacou que, para que o sistema funcione, “precisamos de um modelo claro para as baterias: quem constrói, quem opera, quem paga.” Marangon sugeriu a criação de agentes armazenadores independentes, semelhantes aos modelos existentes em outros países, para modernizar o mercado. 

Além disso, o papel do hidrogênio verde na matriz elétrica foi abordado. Maurer descreveu o potencial e as limitações da tecnologia, afirmando que “o hidrogênio não resolve todos os problemas. Achávamos que era um canivete suíço, mas ele funciona melhor em nichos específicos.” A necessidade de um mercado de carbono mais estruturado também foi apontada como fundamental para viabilizar economicamente esses projetos.

"O hidrogênio não resolve todos os problemas. Achávamos que era um canivete suíço, mas ele funciona melhor em nichos específicos".

Luiz Maurer

Ex-consultor do Banco Mundial

Por fim, os especialistas discutiram a importância de políticas públicas integradas e do planejamento estratégico para garantir uma matriz elétrica resiliente e sustentável. “Precisamos olhar tanto para a demanda quanto para a oferta, pensando em soluções híbridas que aproveitem o melhor de cada tecnologia,” concluiu Maurer.

O videocast “Iluministas” é uma parceria VDE – Valor da Energia e do Instituto Pensar Energia. Reforça a importância de debates sobre energia no Brasil, unindo perspectivas que buscam transformar os desafios do setor em oportunidades para um sistema mais eficiente e sustentável.

Confira o episódio completo com José Marangon e Luiz Maurer:

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