O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou nota à imprensa para desmentir um teórico chamamento feito às indústrias para reduzir o consumo de energia nos horários de pico – que especialistas consideram como uma espécie de “racionamento velado”. O posicionamento da entidade foi divulgado após notícias circularem na imprensa a respeito de uma suposta solicitação do operador junto ao setor.

Em nota, o ONS explica que o Programa de Resposta da Demanda é um mecanismo regulatório em que as empresas ofertam redução do seu consumo ao sistema, de forma voluntária, deslocando temporariamente o seu consumo e sendo remuneradas por isso.  Ou seja, não existe nenhuma espécie de convocação do setor para adesão ao procedimento.

Ainda de acordo com o operador, o programa faz parte de uma estratégia mais ampla de gestão e inovação no setor elétrico, aproveitando as margens de flexibilidade existentes na indústria, que pode programar suas operações para períodos de menor custo de energia. Isso otimiza a produtividade e competitividade das empresas, além de trazer benefício econômico aos demais consumidores.

Segundo o ONS, a geração termelétrica e a resposta da demanda desempenham papéis complementares no sistema elétrico, cada uma com suas próprias vantagens e desafios. “A geração termelétrica despachada centralizadamente é capaz de fornecer energia de forma contínua e controlável independentemente das condições climáticas, o que torna essa fonte importante para estabilidade da rede, especialmente em momentos de alta demanda ou quando outras fontes, como a energia eólica e solar, não estão disponíveis”, ressalta a entidade.

O ONS afirma que, enquanto a presença de geração termelétrica na matriz energética contribui para a diversificação das fontes de energia, aumentando a resiliência do sistema, a Resposta da Demanda oferece flexibilidade e eficiência na gestão da demanda. “Ambas devem ser vistas como componentes complementares na missão de garantir o suprimento de energia no país, com qualidade e equilíbrio entre segurança e custo global da operação”, completa.

Mecanismo deve ser complementar

Especialistas consultados pelo VDE criticaram recentemente uma proposta feita pela Abrace Energia a fim de evitar o acionamento de termelétricas – uma delas, o uso da Resposta de Demanda.

Ex-diretor-geral do ONS, o consultor Hermes Chipp lembrou que a operação do sistema elétrico nacional precisa ser focada na visão da segurança energética de longo prazo e, por isso, que respostas alternativas ao uso racional das fontes de geração disponíveis podem trazer problemas, caso o período seco se prolongue de alguma forma. “Você precisa ser conservador. Você não aposta todas as fichas na chuva”, disse ao VDE.